Nem todas as mulheres podem – ou querem – fazer reposição hormonal. Não faltam, porém, alternativas para melhorar os sintomas da menopausa, das ondas de calor à osteoporose
Nem todas as mulheres podem repor estrógeno e progesterona na menopausa, já que existem contraindicações importantes. “A reposição não pode ser feita em pacientes que têm ou tiveram câncer estrógeno dependentes, ou seja, que se desenvolvem devido o aumento do hormônio feminino na corrente sanguínea, como o de mama e o de endométrio. E também quando há doenças hepáticas, cardiovasculares e trombose”, explica Ana Paula Junqueira Santiago, ginecologista e obstetra de São Paulo. E há situações que devem ser analisadas pelos médicos, que colocam na balança os custos-benefícios e, juntamente com a mulher, decidem se vale a pena ou não fazer a terapia. “Isso acontece, por exemplo, quando há casos de câncer de mama na família da paciente ou ela é obesa”, esclarece a ginecologista. Mas, para quem não pode – ou não quer, pois se trata também de uma escolha – fazer a reposição, há alternativas que não passam pelos hormônios para amenizar os principais sintomas da menopausa.
Ondas de calor
“Não há nenhum tratamento que traga o mesmo benefício que a reposição de estrógeno para combater os fogachos, o sintoma mais comum da menopausa, mas medicamentos à base de plantas podem ajudar, assim como algumas drogas usadas contra a depressão”, informa César Eduardo Fernandes, médico ginecologista e presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Febrasgo. Outras medidas que auxiliam: exercícios físicos, meditação, acupuntura, redução do consumo de condimentos e pimenta, bebidas geladas e ar-condicionado.
Distúrbios do sono
Assim como as ondas de calor, a insônia na menopausa está relacionada à deficiência hormonal. “Com os calores à noite, a qualidade do sono fica comprometida. Na impossibilidade do uso dos hormônios, pode-se lançar mão de fitoterápicos como a valeriana e passiflora”, diz Mariana Halla, médica especialista em ginecologia endócrina, de São Paulo, que indica também a meditação. Outra aliada importante é a atividade física, que aumenta a produção de serotonina. “Além de trazer bem-estar, essa substância ajuda na produção da melatonina, o hormônio do sono”, fala Bianca Vilela, educadora física e mestre em Fisiologia do Exercício, de São Paulo. Segundo ela, o benefício é ainda maior quando você se exercita à luz do dia, que também impacta na produção da serotonina, e consequentemente, na melatonina. Outras dicas: reduza os estímulos à noite, faça apenas atividades relaxantes, vá para a cama sempre no mesmo horário e desligue o celular, já que a luz que o aparelho emite atrapalha na produção da melatonina.
Flutuação de humor
“A meditação é de grande valia, assim como a prática de atividades físicas, pois ambas elevam os níveis de dopamina e serotonina, que melhoram o bem-estar geral”, fala Mariana Halla. Ela indica os alimentos ricos em magnésio (banana, grãos, sementes, castanhas, abacate, beterraba, couve) e em triptofano (peixes, frango, ovo, nozes, leguminosas, aveia e chocolate amargo), que ajudam na estabilização do humor. E também a suplementação de vitaminas B12, B6 e D, para diminuir o risco de depressão. “A terapia cognitiva comportamental costuma dar bons resultados”, acrescenta Aricia Helena Giribela, ginecologista e mastologista, de São Paulo. Segundo ela, medicamentos ansiolíticos e antidepressivos podem necessários em alguns casos.
Ressecamento vaginal
“Para melhorar a hidratação e a rugosidade da região, a principal opção é a terapêutica hormonal local”, diz César Eduardo Fernandes. Mas, ainda que esse tipo de hormônio tópico não tenha sido associado ao câncer de mama, muitas mulheres buscam alternativas. “Outras substâncias foram aprovadas para essa finalidade, com o DHA em óvulos vaginais, assim o uso do laser e da radiofrequência genital. Há também hidratantes sem hormônios disponíveis no mercado”, informa Mariana Halla.
Metabolismo mais lento
A queda do estrogênio determina uma queda no metabolismo basal de até 30%, portanto, há um aumento de peso com a mesma ingestão calórica. Além de ajustes da dieta, é recomendado intensificar a malhação. Para Bianca Vilela, a grande aposta é a musculação, que faz com que o metabolismo fique mais acelerado por até 24 horas. Essa atividade está ligada a maior produção de testosterona, outro hormônio que diminuiu na menopausa. Já os exercícios aeróbicos contribuem para queimar gordura — e também devem fazer parte da rotina.
Osteoporose
“A primeira linha de tratamento para a prevenção é a reposição hormonal”, afirma Mariana Halla. É possível, porém, lançar mão de outros aliados para proteger os ossos — os principais são a vitamina D e o cálcio, mas outras vitaminas (K2, MK7) e minerais (boro, zinco, magnésio) também ajudam. “Leite e derivados são importantes fontes de cálcio, mas como nessa fase aumentam as intolerâncias, vale a pena apostar nas versões sem lactose e com menor quantidade de gordura, e também nas verduras escuras, ricas nesse mineral”, recomenda Aricia Helena Giribela. A vitamina D pode ser produzida através da exposição solar no início da manhã ou obtida por meio de suplementos. “Exercícios aeróbicos de alto impacto e musculação ajudam a fixar o cálcio nos ossos”, acrescenta Bianca Vilela. E a musculação, assim como o pilates, reduzem quedas e fraturas graves.
Disponível no Site Vogue Brasil, 23/12/2019 – por Olga Penteado